terça-feira, 9 de abril de 2019

PEDIDO DE REVOGAÇÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS - PROFESSOR LENILDO MÁRCIO DA SILVA




EXCELENTÍSSIMA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA 1ª VARA ESPECIALIZADA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER DA COMARCA DE xxxxxxxxxxxxx








Processo de Numeração Única xxxxxx – xx.xxxx.x.xx.xxxx
Requerente: ELA
Requerido: ELE








ELA, já devidamente qualificada nos autos do processo em epígrafe, vem, respeitosamente, à ilustre presença de Vossa Excelência, através de seu representante legal que ao final assina (Procuração “Ad Judicia” inclusa – doc.01), REQUERER A REVOGAÇÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA concedidas por este dd. Juízo, tendo em vista a necessidade de restabelecimento da ordem familiar e o início de tratamento psicológico do Requerido e da Requerente, e conforme as razões de fato e de direito a seguir expostas:

DOS FATOS

1 - Conforme narra o Boletim de Ocorrência que está encartado nos presentes autos processuais, a Requerente foi vítima de violência doméstica por parte do Requerido, manifestada nos delitos de AMEAÇA E INJÚRIA, conforme relatado.
Em decorrência dos fatos narrados no referido documento, solicitou a concessão de MEDIDAS PROTETIVAS para sua proteção, haja vista que teve medo do comportamento do Requerido, tendo as medidas protetivas pleiteadas sido deferidas por este respeitável juízo.

2 - Todavia, Excelência, após a efetivação das medidas protetivas concedidas, o casal, Requerente e Requerido, refletiram acerca dos sentimentos que os uniam e do comportamento patológico que vinham apresentando em seu relacionamento conjugal, e entenderam, pelo bem de sua família, e de comum acordo, buscarem auxílio profissional e religioso, a fim de preservarem o amor que ainda nutrem um pelo outro, e pelos seus filhos.
E, em sendo assim, desde a data de XX de XXXXX de 2.018 submeteram-se, Requerente e Requerido, ao auxílio profissional da DRA. XXX, PSICÓLOGA, especialista em relacionamento de casais, a fim de reconhecerem a doença que permeia o relacionamento do casal, conforme DOCUMENTOS DE ATENDIMENTO INCLUSOS – DOC.02.
De um lado a Requerente submetendo-se à conduta abusiva do Requerido, e, de outro, o Requerido, impondo à Requerente um tratamento abusivo decorrente de um ciúme doentio e infundado.

3 - Tal medida só foi possível porque o Requerido, no dia seguinte às agressões verbais lançadas contra a Requerente, sem ainda ter ciência de que esta teria informado os fatos à Autoridade Policial, envergonhado de seu comportamento, FEZ CAFÉ DA MANHÃ, PEDIU PERDÃO, AJOELHOU-SE NO CHÃO, PEDIU PERDÃO, CHOROU E DISSE QUE NUNCA MAIS FARIA ISSO.
Por outro lado, Excelência, após efetivo afastamento do Requerido do convívio da Requerente, esta percebeu a falta que aquele lhe fazia, e que ainda o ama, bem como o sofrimento velado de seus filhos pela separação do convívio do pai, motivo pelo qual QUER BUSCAR A MANUTENÇÃO/PRESERVAÇÃO DE SUA FAMÍLIA, razão pela qual requer a REVOGAÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS IMPOSTAS AO REQUERIDO, a fim de que possa restabelecer o convívio familiar.
Ressalte-se, também, que, mesmo tendo confeccionado Boletim de Ocorrência contra o Requerido a Requerente não efetivou representação criminal contra o mesmo, a fim de que contra ele fosse desenvolvida a persecução penal, justamente por não desejar prejudicá-lo sem antes refletir com calma acerca de toda a situação vivenciada pelo casal.
Destaque-se, ainda, Excelência, que o Requerido está, também, sendo acompanhado de perto pelo PASTOR xxxxxx, da Igreja XXXXX, onde freqüentam, a quem Requerente e Requerido relataram os fatos e pediram aconselhamento e acompanhamento, até superarem os problemas de relacionamento conjugal que, no momento, colocam sua união em risco, tudo conforme DECLARAÇÃO inclusa – doc.03.

4 - Em sendo assim, Excelência, confiante no sucesso do tratamento psicológico ao qual estão se submetendo, e também no acompanhamento religioso implementado, é que a Requerente crê que a revogação das medidas protetivas aplicadas contra o Requerido não implicarão em qualquer tipo de lesão, ou ameaça de lesão, à sua vida ou à sua saúde física e/ou mental.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS PARA REVOGAÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA

5 – Os fundamentos jurídicos para revogação das medidas protetivas implementadas em desfavor do Requerido estão previstos em diversos diplomas legais, conforme a seguir reproduzidos:
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
(...)
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. 

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Art. 694.  Nas ações de família, todos os esforços serão empreendidos para a solução consensual da controvérsia, devendo o juiz dispor do auxílio de profissionais de outras áreas de conhecimento para a mediação e conciliação.
Parágrafo único.  A requerimento das partes, o juiz pode determinar a suspensão do processo enquanto os litigantes se submetem a mediação extrajudicial ou a atendimento multidisciplinar.
(....)

CÓDIGO CIVIL
Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família.
(...)
§ 2o O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas ou públicas.
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
I - fidelidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio conjugal;
III - mútua assistência;
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
V - respeito e consideração mútuos.

Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos.
(...)

6 - Destarte, Excelência, como as relações familiares são volúveis, momentâneas, ocasionadas por desequilíbrios emocionais e até então intratáveis, eivados de arrependimentos, baixadas as emoções da Requerente e do Requerido após os fatos desastrosos que geraram o presente processo, e constatado o amor que ainda os une, o casal tem empreendido esforços no sentido de solucionar os conflitos e problemas que prejudicam sua relação conjugal e restaurar a paz, harmonia e felicidade de seu lar, preservando a sua união que já conta com mais de 17 (dezessete) anos.
Imperioso ressaltar que, no caso em análise, a manutenção das medidas protetivas impostas ao Requerido irá atrapalhar a restauração da relação do casal, de forma pacífica e harmônica, vindo a afrontar valores, como a busca da harmonia do lar e a superação efetiva de situações onde houve ínfima violência.

Nesse sentido, ainda, mister se faz trazer à reflexão os ensinamentos da jurista ALICE BIANCHINI em sua obra LEI MARIA DA PENHA – Lei n.º 11.340/2006: Aspectos Assistenciais, Protetivos e Criminais da Violência de Gênero, Coleção Saberes Monográficos, Editora Saraiva, 2ª Edição, onde, acerca da DURAÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA, ensina que:
(...)
As medidas protetivas possuem caráter provisório. Por conta disso, podem ser revistas ou cassadas a qualquer tem po (art. 19, § 3®), ou substituídas por outra(s) de natureza diversa, sempre que a situação fática assim exigir (art. 19, § 2®).
Por não ostentar prazo determinado, as medidas devem subsistir enquanto durar a situação que motivou a sua decretação, podendo “perdurar até a decisão penal definitiva, isto é, até o desfecho do processo crim inal, independentem ente de outras ações no âmbito cível eventualm ente ajuizadas” (2011: 309).
(...)

7 - No caso em tela, com base no PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA REQUER A REVOGAÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS EFETIVADAS, posto que as partes não desejam o divórcio, a Requerente não deseja representar criminalmente contra o mesmo, e ambos, Requerente e Requerido estão buscando ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR para solucionarem as questões de divergência familiar que tem prejudicado sua relação conjugal.
Frise-se, por fim, Excelência, que a Requerente possui formação jurídica, e compreende a extensão e conseqüências de seu pedido, ora formulado.

DO PEDIDO

8 – Mediante as razões de fato e de direito expostas, devidamente subsidiadas pela documentação que acompanha o presente pedido, vem a Requerente, à ilustre presença de Vossa Excelência, através de seu representante legal que ao final assina, REQUERER:
A REVOGAÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA, deferidas contra o Requerido, para que o casal tenha condições de restabelecer a paz, a harmonia e a felicidade de seu lar!
Esteja certa, Excelência, de que, em acolhendo o pedido formulado pela Requerente, não só estará contribuindo para a preservação de uma família que se ama, mas, principalmente, confeccionando ato da mais pura e cristalina JUSTIÇA!

Nestes termos, pede deferimento.

XXXXXX-XX, XX de XXXXXX de 2.018.


ADVOGADO (A)
OAB/MT N.º


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